– PEDRO LUSO DE CARVALHO
No ano de 1956 a José Olympio Editora publicou o livro intitulado Clóvis
Beviláqua (1859 – 1944), escrito por Lauro Romero (filho do célebre escritor Sílvio
Romero), com a introdução escrita pelo professor e jurista Hermes Lima, que se
tornou muito conhecido por sua obra versando sobre Introdução à Ciência do
Direito.
Na introdução à obra, diz Hermes Lima:
Penso que o leitor
encontrará neste livro a melhor biografia de Clóvis Beviláqua, até agora
escrita. Sem dúvida, nada lhe seria mais grato do que ver-se biografado por um
filho de Sílvio Romero. Sua notável personalidade ressalta destas páginas,
escritas com o fervor da mais legítima admiração, através dos múltiplos
aspectos em que se desdobrou.
No meu entender, vale a pena explorarmos mais um pouco essa introdução
feita pelo mestre Hermes Lima, que mais adiante diz:
Toda a atuação de Clóvis
Beviláqua verificou-se no campo intelectual. A política não o seduziu. Não o
seduziu a advocacia. Desde muito moço ocupa-se de questões gerais de filosofia,
de sociologia, de direito e de literatura. Amanhecendo o seu talento no momento
em que, neste país, triunfava o critério
científico evolucionista para o estudo dos fenômenos sociais, deixou Clóvis Beviláqua neste terreno poderosa
contribuição, que até hoje conserva valor e interesse.
Nessa introdução à obra de Lauro Romero, o prof. Hermes Lima fala do
equilíbrio de Clóvis Beviláqua, do seu discernimento crítico com que conduz,
desde suas primeiras produções, através de escolas e sistemas:
Filho da Escola de
Recife, não conservou dela o tom agressivo, o gosto pela polêmica, a certeza
desafiadora que caracterizavam um Tobias e um Sílvio. Mas, na ambiência dessa
Escola, desprendeu-se dos velhos dogmas e das antigas posições que imobilizavam
o pensamento nacional, constituindo-se mesmo num inovador de métodos, num
desbravador de caminhos e num crítico de ideias gerais que ajudaram
notavelmente a inteligência brasileira no seu esforço de revsão e renovação.
Para encerrar esta primeira parte da Introdução escrita por Hermes Lima,
transcrevo mais um trecho, no qual ressalta a importância de Clóvis Beviláqua
para a cultura do nosso país:
O tranquilo estilo da
inteligência de Clóvis, a serenidade com que ocupou as suas posições escondem
um pouco a face renovadora, quase diria revolucionária, de seu trabalho intelectual.
Ele, porém, é um dos
construtores, e dos maiores, da concepção do mundo que a inteligência
brasileira respirará do último quartel do século passado ao primeiro deste
século [referência feita aos séculos 19 e 20].
Não significa que Clóvis
Beviláqua se haja tornado inatual. De nenhum modo. Seu pensamento conserva as
qualidades de clareza e discernimento que o ligarão ao que virá depois, porque
sua obra tem, no campo brasileiro, algo da importância das fontes.
Na próxima edição de matéria neste espaço (Gazeta do Direito), o propósito é dar sequência à Introdução feita
pelo professor Hermes Lima para o livro Clóvis
Beviláqua, escrito por Lauro Romero.
REFERÊNCIA:
ROMERO, Lauro. Clóvis Beviláqua. Rio de Janeiro:
Livraria José Olympio Editora, 1956.
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