– PEDRO
LUSO DE CARVALHO
Para
os que conhecem a fase em que o Brasil esteve representado na
Conferência de Haia certamente não desconhecem que, dentre os que
dela participaram, Rui Barbosa foi nome mais importante dentre todos
os que representaram os seus respectivos países, estes em número
de quarenta e oito.
Rui
Barbosa foi convidado para chefiar a delegação brasileira da Paz,
convocada para Haia. Rui relutou em aceitar o convite feito pelo
Presidente da República, Afonso Pena, de quem era amigo e colega de
turma da Faculdade de São Paulo. Foi também em razão dessa amizade
que Rui desistiu de sua candidatura à Presidência da República,
deixando aberto o caminho para a eleição de Afonso Pena.
Depois
de quarenta e dois dias pensando na possibilidade de não aceitar o
convite do amigo Afonso Pena, decidiu-se pela aceitação do convite.
Iria à Haia, para representar o Brasil na Conferência de
Paz.
Numa
carta que dirigiu a Nabuco, em 1906, disse Rui: “Estou velho e
doente, e conquanto ainda se não me apagasse de todo o fogo
sagrado, isto é, o entusiasmo e a esperança, já não assumo
iniciativas, nem me exponho a temeridades. Os anos, o atrito das
coisas hostis, cujo quinhão me tem sido acerbo e quotidiano,
desenvolveram em mim uma desconfiança, que não consigo vencer,
senão quando algum dever irresistível me impõe obediência cega”.
André
Weiss, grande jurista de renome mundial, professor da Universidade de
Paris, assim se expressava, por ocasião da escolha de Rui para
membro da Academia de Ciências Morais do Instituto de França: “O
Delegado do Brasil à Segunda Conferência da Paz, Rui Barbosa,
revelou, nesta assembleia, onde tinham assento os representantes de
todas as nações civilizadas, e, pela primeira vez, os da América
Latina, as mais altas qualidades de jurisconsulto”.
Prossegue
André Weiss: “Em todas as ocasiões, e com uma altura de vista
verdadeiramente admirável, o representante do Brasil se fez o
defensor da igualdade política dos estados soberanos, pequenos ou
grandes, e batalhou pela proteção dos fracos contra o abuso dos
fortes”.
Em
novas postagens voltarei a esse mesmo tema, Rui Barbosa na
Conferência de Haia, para fazer novas abordagens sobre esse
momento, e também juntando outras manifestações de juristas a
respeito da importância Rui, segundo suas visões, a exemplo André
Weiss, como acima foi referido.
REFERÊNCIA: Mangabeira,
João. Rui. O Estadista da República. Rio de Janeiro:
Livraria José Olympio Editora, 1943, 110-112.
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