- Pedro Luso de Carvalho
Francisco de Assis
Barbosa, paulista de Guaratinguetá, graduado pela Faculdade Nacional de Direito
do Rio de Janeiro em 1931, iniciou sua profissão de jornalista quando ainda era
estudante de Direito. Foi redator de A Nação, tendo trabalhado também em A
Noite, Diretrizes, Correio da Manhã, Diário Carioca, Última Hora, e, no período
de 1946 a 1950, nas sucursais de O Estado de São Paulo e Folha de S. Paulo.
Sua atividade no campo do
jornalismo foi além: foi o fundador da Associação Brasileira de Escritores,
tendo sido consultor literário de algumas editoras, além de ter sido assessor
editorial da Enciclopédia Britânica do Brasil. Recebeu, por seus trabalhos
literários, os prêmios: Prêmio Silvio Romero, da Academia Brasileira de Letras
pelo ensaio O Romance, o Conto e a Novela no Brasil, em 1951; o Prêmio Fábio
Prado, da Sociedade Paulistana de Escritores pela obra A Vida de Lima Barreto,
em 1952.
Foi mais longe: publicou
novela, reportagens em colaboração com Joel Silveira, biografia (Retratos de
Família), prefaciou edições, dentre elas: Obras de Lima Barreto, 17 volumes, em
colaboração com Antonio Houaiss e M. Cavalcanti Proença. Da obra Retratos de Família,
com prefácio de Josué Montello, transcrevo parte da biografia de Clóvis
Beviláqua, o mais importante jurista brasileiro:
“Pobre e sem vaidade, nem
ambições, Clóvis Beviláqua recusou todos os títulos, honrarias e situações:
até mesmo à Academia deixou de pertencer, desde que foi recusada a inscrição da
esposa no grêmio dos imortais. Na mocidade, quiseram fazê-lo presidente do
Ceará. Não quis. Deputado, senador, também não quis. Hermes Fonseca
ofereceu-lhe uma cadeira no Supremo Tribunal Federal, convite reiterado por
Washington Luis, vinte anos depois. Recusou as duas vezes. Em 1920, o comitê de
juristas da Sociedade das Nações pediu-lhe que redigisse o projeto da
organização da Corte Permanente de Justiça Internacional. Fez o projeto mas não
foi discuti-lo. O presidente Hoover pediu a sua cooperação no conflito em os
Estados Unidos e a Lituânia... mas é desnecessário enumerar todas as recusas de
Clóvis. Seria um nunca acaba. Dariam para encher páginas inteiras deste livro.
Nunca foi à Europa. Nunca
fez uma viagem ao estrangeiro. Clóvis Beviláqua na sua modéstia, jamais
possuiu um smoking, uma casaca. Ao que parece, só uma vez na vida deixou-se
enfarpelar para comparecer a uma festa de estudantes, no Teatro Municipal, por
ocasião do centenário de Teixeira de Freitas, em 1916. O episódio é
interessante. Vale a pena ser recordado, pois marcou a reconciliação com Rui
Barbosa, depois da azeda discussão em torno do projeto do Código Civil.
O presidente da
Associação de Estudantes, Edmundo da Luz Pinto, fora à casa de Clóvis Beviláqua convidá-lo para fazer a conferência sobre Teixeira de Freitas (...)
Fez a conferência. A festa dos estudantes, no Teatro Municipal, teve a
presidência de Rui Barbosa, que proclamou no adversário da véspera o “maior
jurista brasileiro de todos os tempos”, entre as aclamações dos jovens. No
centro do palco, aturdido com tantos aplausos, Clóvis também batia palmas.
Julgava que a homenagem era dirigida a Rui, e não a ele”.
Como se vê, a
responsabilidade assumida por Clóvis Beviláqua para elaborar o Código Civil
Brasileiro, que foi promulgado em 1916, e que foi considerado o maior monumento
de codificação jurídica da América, constituiu-se apenas num episódio de sua
vida; outros aspectos da biografia desse renomado jurista podem ser conhecidos
com a leitura da obra Clóvis Beviláqua de Lauro Romero, filho de seu dileto
amigo, Sílvio Romero, também publicado pela Livraria José Olympio Editora. Essa
biografia será sempre uma leitura recomendável.
EFERÊNCIAS:
BARBOSA, Francisco de Assis. Retratos de Família. Rio de Janeiro: Livraria José Olympio Editora, 1967.
ROMERO, Lauro. Clóvis Beviláqua. Rio de Janeiro: Livraria José Olympio Editora, 1956.
BARBOSA, Francisco de Assis. Retratos de Família. Rio de Janeiro: Livraria José Olympio Editora, 1967.
ROMERO, Lauro. Clóvis Beviláqua. Rio de Janeiro: Livraria José Olympio Editora, 1956.
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